Aliás, toda essa fase da pornochanchada brasileira é um capítulo à parte na história do cinema nacional. Não sei se é o caso aqui de discorrer sobre o momento político da época, e sobre a natureza contestadora/escapista (sim, as 2 coisas) do cinema desse período, já que eu acho mais divertido falar sobre as bizarrices de filmes como esse e outros do mesmo "quilate" (e o blog é meu, oras).
Começando pela (peculiar) história do filme, por sinal uma adaptação de Nelson Rodrigues: Silene, a filha mais nova de uma família de classe média baixa (o pai é contínuo, como faz questão de lembrar várias vezes durante o filme), estuda em um internato e é a esperança do pai de que uma de suas 5 filhas possa ser alguém na vida (entenda-se: casar virgem com um homem mais rico). A ponto das demais filhas se prostituírem para pagar o estudo da mais nova. No entanto, ela é expulsa do internato por incompreensivelmente ter matado uma gata que dera à luz a sete gatinhos, e tem que voltar para casa. A partir daí, se revela toda a disfuncionalidade da família (especialidade de Nelson Rodrigues, afinal).
Nas mãos de um diretor iraniano, por exemplo, essa sinopse viraria um dramalhão existencial daqueles (e não saberíamos o que acontece no final). Ainda bem que isso não aconteceu, já que, mesmo com uma história sem pé nem cabeça e algumas situações incompreensíveis, o filme é muito divertido, especialmente se você entra no espírito. O pai, Noronha (interpretado por Lima Duarte, que parece que já nasceu com uns 60 anos, aliás), desfere, logo no início do filme, a frase que talvez seja a maior pérola do cinema nacional em todos os tempos (desculpe, Tropa de Elite, mas é verdade): "Eu quero saber quem foi que desenhou caralhinhos voadores na parede do banheiro".
Atores como Ary Fontoura e Antonio Fagundes também estão no filme, em personagens completamente diferentes dos que as gerações atuais se acostumaram a vê-los. Aliás, essa é uma característica curiosa dos filmes da época: como não havia muita opção de trabalho para os atores "famosos" (leia-se, os atores das novelas da Globo), era comum vê-los em filmes de baixíssimo orçamento e gosto bastante duvidoso como esse. Até música do Roberto Carlos na trilha sonora tem, vejam vocês.
Os Sete Gatinhos talvez seja apenas um dos mais conhecidos, senão o mais conhecido, representante do período, representado por filmes muito toscos com títulos impagáveis (pérolas como Bonitinha Mas Ordinária, Cada Um Dá o Que Tem, Rio Babilônia, Como É Boa Nossa Empregada e assim por diante). Com o fim da censura e consequente abertura social e até comercial, esses filmes foram sumindo, mas graças à internet estão novamente disponíveis (desconheço lançamentos em DVD - por exemplo, assisti a Os Sete Gatinhos baixado da internet).
Depois disso veio o "novo cinema brasileiro", com filmes bons como Central do Brasil e Cidade de Deus, e abrindo espaço para o chatíssimo sub-gênero "favela movie", mas aí é assunto para outro post. Por ora, vale a lembrança do cinema brasileiro moleque, de raiz... :-)
Nota: 6,0
realmente esses filme "Os Sete Gatinhos" é bem Maluco mas é muito Divertido!! assisti ele na Band a muito tempo atrás e na Globo nos tempos do Sessão Brasil!! gostei muito de conhecer o seu Blog! te desejo muito Sucesso e vida Longa a esse eu projeto!!! Marcos Punch
ResponderExcluirPor favor, eu costumo pesquisar sobre locais de gravações de filmes, cenas, aonde aconteceram determinados filmes, etc. Se alguém aqui souber me dizer o nome da rua lá no bairro do Grajaú - RJ aonde ficava a casa ou se ainda a casa existe por lá, eu agradeço muito. Sei o endereço do instituto João Alves Afonso, aonde aconteceram algumas cenas do filme também, ele fica na rua Ipiranga lá no RJ. Mas não consigo encontrar o nome da rua aonde ficava a casa da família Noronha no filme, por isso se alguém souber e puder me informar eu agradeço muito.
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