Outro dia desses, quando minha filhinha Manu chegou da escola cantando "Uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo", bateu um misto de orgulho e surpresa. Surpresa porque nunca achei que ainda ensinassem essa música nas escolas. Xuxa, ok, um Balão Mágico, talvez, mas nunca os Trapalhões. E orgulho porque, afinal, tem tanta porcaria por aí tocando pra crianças que é muito legal ela gostar logo da mesma música que eu adorava quando tinha a idade dela. E, afinal, é do Chico Buarque, tem uma qualidade musical envolvida.
E, claro, também lembrei do filme. E agora achei legal que esse fosse o primeiro filme brasileiro a aparecer aqui no blog.
Regra dos 15 anos à parte, e muitos podem não saber disso (ou não concordar), mas houve de fato uma época quando Os Trapalhões eram engraçados. E eram um sucesso também. Filmes dos Trapalhões são 12 das 20 maiores bilheterias do cinema brasileiro em todos os tempos. Esse filme especificamente é considerado por alguns como um dos melhores (ou o melhor) que eles fizeram. Era o auge do grupo, e ao contrário dos filmes anteriores, esse procurava passar uma mensagem, não apenas de conteúdo mas política também. A história dos empregados pobres do circo, sendo explorados pelo dono, em busca de uma vida melhor era até "subversiva" em pleno regime militar (e provavelmente uma das razões de Chico Buarque ter se envolvido no projeto).
Mas o principal que eu queria falar aqui é sobre como a noção de humor evoluiu em tão pouco tempo. Sem entrar no clichê de "o politicamente correto está matando o humor", é uma diferença brutal entre as 2 épocas. Em um DVD que comprei dos melhores momentos dos Trapalhões, há um quadro em que eles, com fome, roubam uma galinha, são perseguidos e trocam tiros (!) com a polícia. Imagine isso em um programa de humor atual... mas ao mesmo tempo havia uma "inocência" maior, não se tinha uma preocupação com o impacto de tudo, ou com ofensas e "melindrações" de todos os lados. No máximo o Mussum respondia "Negão é seu passadis" e tava tudo certo. Tudo muito mais simples. Se é por isso ou não, não sei, mas hoje é muito difícil achar um humor decente. Talvez as pessoas estejam se preocupando demais.
O fato é que assisti esse filme de novo há pouco tempo, e continuei gostando. A paixão não correspondida do Didi (!) pela Lucinha Lins (!!), as lições de vida de nunca desistir, e de encarar a vida com senso de humor não importa o que aconteça ainda estão lá. E essas coisas sobrevivem ao tempo.
Nota: 6,0 (afinal não é nenhuma obra prima...)
PS: Não é cinema, mas eu precisava colocar aqui um dos melhores momentos dos Trapalhões na minha opinião, "Papai eu quero me casar". Obviamente hoje não iria ao ar, muito menos às 7 da noite de um domingo...
Vinícius, parabéns pela iniciativa! Não prometo ver todos, mas ler os post eu vou.
ResponderExcluirE, aproveitando a deixa, pra mim todos os trapalhões são "Regra dos 15 anos" porque eu os vi na Sessão da Tarde com 10 anos.
E você acha que eu tenho quantos anos??? Os filmes bons dos Trapalhões são das décadas de 70 e 80, eu sou de 77... :-)
Excluirabraço!