segunda-feira, 5 de março de 2012

O Primeiro Mentiroso (The Invention of Lying, 2009)

Uma sociedade idêntica à nossa, com uma exceção: todos dizem sempre a verdade, o tempo todo. Até que uma pessoa aprende a mentir...

Mais um exemplo do tipo de filme que eu adoro, com uma premissa genial e um roteiro inspirado. O filme se passa no nosso mundo, mas com a exceção de que durante a evolução da espécie, ninguém aprendeu a mentir. Mark é um escritor prestes a perder o emprego, sem chance de conquistar a garota de seus sonhos, e vai ao banco retirar seus últimos trocados para pagar o aluguel. O sistema está fora do ar, a caixa pergunta quanto ele quer tirar, e em um reflexo, em vez de dizer 300, ele diz 800. O sistema volta, o caixa vê que ele só tem 300, mas paga os 800, acreditando em sua palavra. E todo um novo mundo se abre para ele.

O filme tem 2 fases fantásticas: a primeira é a caracterização do mundo sem mentiras. Todos são sinceros o tempo todo, incluindo encontros ("Não vou mais sair com você, não quero filhos de nariz achatado"), trabalho ("Chefe, não vim trabalhar porque não estava com vontade") e relacionamentos sociais ("Oi, tudo bem?"/"Não, pretendo me suicidar hoje"). Os filmes são apenas "atores" lendo textos sobre fatos históricos, já que atuar também é uma forma de mentir. Mesma coisa para as propagandas. Impressionante como cada detalhe é pensado.



Jà a segunda fase é o que acontece quando Mark percebe que inventou a mentira (que nem nome tem) e começa inicialmente a entender seu dom, e depois a aproveitá-lo. Primeiro com seus amigos ("Eu sou um astronauta alemão com um braço só"/"Nossa, sua prótese é muito natural"), depois com a sociedade. As cenas dele ficando rico são hilárias.

Então, a parte que mais gosto: ao tentar consolar sua mãe no leito de morte, ele começa a inventar "fatos" sobre a vida após a morte. Enfermeiros e médicos ouvem e, no dia seguinte, uma multidão está na porta de sua casa buscando saber "a verdade". Sem entregar mais que isso (já contei demais...), a transição de "boas intenções" para "ganho pessoal" acontece da maneira mais rápida e engraçada possível. (e, opinião minha, provavelmente reflete um pouco de vida real....)

Falei um pouco mais do filme que o normal, porque não é tão conhecido assim, e porque acho que vale a pena ser assistido. Além disso, por trás de toda a graça e das situações inesperadas, podemos pensar no papel da mentira nas nossas vidas, e o quanto é inevitável e, em muitas horas, desejável. Ricky Gervais (o inglês que criou o The Office original), roteirista, diretor e ator principal neste filme, nos mostra isso de maneira muito original.

Nota: 7,0

PS: Caso queiram assistir, está passando na TV a cabo, peguei ele quase inteiro no Telecine Fun, domingo à noite.

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