terça-feira, 20 de março de 2012

Menina de Ouro (Million Dollar Baby, 2004)

Apesar de ter ganho alguns Oscars, incluindo melhor filme, diretor e atriz, esse filme não é um que normalmente eu destacaria aqui. Na verdade, o escolhi porque serve de exemplo perfeito para um subgênero do qual quero falar hoje: o cinema de redenção, ou de superação.

Vocês conhecem alguns exemplos: uma pessoa qualquer, geralmente pobre, que tem um sonho e contra todas as chances consegue atingi-lo. Existem as variações de tema, percurso, motivação, etc., mas em linhas gerais o núcleo do filme é o mesmo.

Muita gente gosta, afinal são histórias bonitas, inspiradoras, exemplos do espírito indomável do ser humano e de que qualquer coisa é possível se você realmente quiser. Entendo perfeitamente. Mas tenho que dizer: eu ODEIO esses filmes.

Um pouco por serem forrados de clichês, um pouco por serem repetitivos, mas principalmente porque onde deveria haver "inspiração", eu vejo só "desgraça". Por isso, por exemplo, nunca vão me ver assistindo aquele À Procura da Felicidade, do Will Smith. Já me vejo aguentando duas horas de "tá vendo, seu merda? esse cara dormia em pé no metrô com o filho e virou um banqueiro fodão! e você, tá reclamando do quê? Vai ser alguma coisa na vida!". Entenderam? Pra mim a tal inspiração soa apenas como "cala a boca e não reclama"...

No caso de Menina de Ouro, isso acontece duplamente, porque a garota vence na vida contra todas as chances, e leva outra cacetada na cabeça, tendo que começar tudo de novo. Desgraça pouca é bobagem... parece aqueles filmes que passavam na "Sessão das Dez" do Sílvio Santos (O Segredo de Kate, Seis Semanas e outras choradeiras).

A atuação da protagonista não ajuda muito também. Apesar de ter ganho o Oscar (e vocês sabem, a atriz que ganha o Oscar sempe é a que sofreu a maior mudança ou ficou mais feia para o papel), acho a Hilary Swank muito fraca (ser feia também não ajuda). Aliás, poucas vezes vi um Oscar fazer tão mal à carreira de um artista (com a possível exceção de Cuba Gooding Jr. por Jerry Maguire - "show me the money"), já que depois disso ela simplesmente não fez nada que preste, e na minha opinião, passou vergonha em Dália Negra. Morgan Freeman aparece pouco (afinal, seu objetivo é ser o narrador), e Clint Eastwood, bem, é Clint Eastwood. Esse tem crédito pra fazer o que ele quiser (não apenas por sua carreira pregressa, mas por pérolas como Gran Torino, esse sim sensível e bem escrito, está entre os meus 50 favoritos).

Bom, pra mim de amarga já basta a vida. Claro que existem exceções (a série Rocky, por exemplo), mas em geral acho que esse tipo de filme é chato e agrega muito pouco. Até porque mensagens inspiradoras de outros pra mim não funcionam. Sobra só a comparação, e de gente me cobrando, basta eu mesmo.

Nota: 5,0

4 comentários:

  1. Concordo plenamente. Eu assiste aos dois filmes comentados e me arrependi exatamente pelo motivo no qual voce citou "de gente me cobrando, basta eu mesmo". Quando o filme acabou entrei em depreesao :-(

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    1. Assina aí, gente! É só ir em "Responde como" e escolher "Nome/URL"...

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  2. Também concordo! Detestei esse filme. Nem pro curso de filosofia eu o revi. Além de tudo, achei que era um daqueles típicos filmes americanos de winners e losers. Odeio!!!

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  3. Célio Faria Júnior22 de março de 2012 às 23:51

    Odeio esse tipo de filme, "Menina de Ouro" deve ter sido o último do gênero que assisti. O do Will Smith, mega sucesso, fiz questão de nem passar perto. A tese do "de gente me cobrando, basta eu mesmo" é absurdamente verdadeira nesse caso.

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