quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Vida de Brian (Life of Brian, 1979)

Depois de mais uma semana sem postagens, vou falar hoje sobre um filme de certa maneira apropriado para esse feriado: A Vida de Brian. Mas na verdade não é uma provocação barata de falar desse filme logo às vésperas da Páscoa. Fiquei com vontade de revê-lo anteontem, quando peguei na TV um documentário sobre a história do Monty Python. Um dos pontos que eles comentaram foi o quanto esse filme não foi pensado como uma crítica à igreja ou à religião, mas simplesmente uma comédia que se passa no primeiro século. A história: Brian é um judeu que por acaso nasce na manjedoura ao lado da de Jesus, e acaba tendo bem mais azar na vida.

Fazia muitos anos que não via o filme, e fiquei curioso. Acabei assistindo novamente, e cheguei basicamente a duas conclusões:

- De fato, o filme, apesar do viés de sátira, e de se apoiar na história de Jesus o tempo todo, não é uma crítica à figura histórica, e sim à reação das pessoas a uma situação opressiva, e à necessidade de um ídolo. Claro que isso é feito da maneira mais anárquica possível, com algumas piadas bastante inspiradas, embora quase infantis se vista hoje. A cena do apedrejamento, por exemplo, com as mulheres se passando por homens que acabam apedrejando o juiz, é quase coisa dos Trapalhões. As cenas com os reis Magos e ele pixando os muros do castelo também são ótimas.
A partir do momento em que Brian é confundido com um messias, a faceta idólatra das pessoas se mostra muito forte, com cenas hilárias (a divisão entre os adoradores da sandália e do jarro, ele tentando convencer que não é o escolhido, e ouvindo "é sim, eu tenho experiência em seguir os messias", e outras). Essa provavelmente é a parte que mais incomoda os religiosos.

O que as pessoas não percebem é que quanto mais polêmica e rejeição pública a um filme, mais ele chama a atenção. E aí vem a segunda coisa que eu percebi assistindo ao filme de novo: eu não gosto tanto assim de Monty Python. Acho um pouco sobrevalorizados, e um pouco disso é por conta das polêmicas que gera. Já tinha pensado nisso quando vi Em Busca do Cálice Sagrado uns anos atrás (embora o filme também tenha seus momentos), e mesmo reconhecendo a genialidade de algumas piadas e a disposição a ridicularizar o que quer que seja, não acho TÃO engraçado assim. Deve ser a idade.

Agora, A Vida de Brian  é o meu favorito deles, pelo tema, pelo esmero em de fato contar uma história com início, meio e fim (o que é aquele final de Em Busca do Cálice Sagrado???), e pela coragem em tocar em um assunto tão polêmico. Mas acima de tudo, porque o final é sensacional. É bobinho, tem um monte de besteira, mas sempre me anima. Adoro a música e sua mensagem. Digam: não é uma baita mensagem de Páscoa?

Um ótimo feriado a todos!

Nota: 6,5

3 comentários:

  1. O grande mérito do Monty Python é justamente a coragem de fazer piada com qualquer coisa. Isso escandalizou muita gente na época, mas hoje ficou comum, o que infelizmente tira um pouco a graça de assistir. Quando eu vi a Vida de Brian pela primeira vez fiquei boqueaberto. Não sei se veria hoje de novo. A maior mostra do anarquismo deles é o discurso do Cleese no funeral do Chapman - coisa de gênio.

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    1. Esse discurso é sensacional. Queria que alguém fizesse um discurso assim no meu velório.

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