Foi só em 1999, último ano de faculdade, quando vi Matrix no cinema (aquela época em que ainda íamos ao cinema sem saber direito o que esperar do filme), que entendi o impacto que devem ter tido filmes como Star Wars e Blade Runner quando estrearam. Um filme tão diferente, tanto na história como no visual, dos anteriores que simplesmente mudou o conceito de ficção científica. Aquele filme que te faz querer vê-lo várias vezes, discutir, entender, aprofundar e estender o que viu, e cujo impacto você acaba só entendendo um tempo depois. Nada como ser contemporâneo de uma revolução para entender de fato seus efeitos. Como eu disse anteriormente, talvez seja isso que tenha me faltado para que eu gostasse de Blade Runner.
Mas será que de fato Matrix foi uma revolução ou um "hype" coletivo?
Assisti novamente o filme outro dia, e continuo acreditando que o filme foi um "divisor de águas" (olha o chavão), tanto em termos de história (juntando a ficção com filosofia, ação, dramas existenciais) como em execução (o "bullet time", que na época foi um frisson, aparecendo em 78% dos filmes nos anos seguintes, até no Shrek...). Claro que nada disso é original e inventado aqui, mas o grande mérito do filme foi combinar todos esses fatores em uma história inteligente e atrativa para o grande público.
Nerds ao redor do mundo foram ao delírio. Não só o filme povoou todos os fóruns de discussão da então recém-popularizada internet, como principalmente mostrava o viciado em computador como alguém à frente dos demais, mais inteligente e "cool" ao mesmo tempo...
O filme tem seus (muitos) méritos. Quem nunca imaginou se a realidade que conhece é de fato verdadeira? Quem nunca se sentiu deslocado do mundo ao seu redor? O filme aproveita essas questões primordiais e misturando-as com outros conceitos filosóficos ("A Caverna de Platão", por exemplo), juntando cenas empolgantes, para contar a história de um "hacker" que é recrutado por rebeldes que mostram para ele que o "mundo real" em que vivemos é uma simulação de computador, destinada a manter os humanos em animação suspensa para servirem de fonte de energia para as máquinas, que no passado criaram inteligência e ganharam uma guerra contra os humanos. Tudo isso com efeitos especiais caprichados (e quase todos, inéditos), uma trilha sonora legal, e atores decentes (tirando o Keanu Reeves, claro, que deve ser o ator mais sortudo do mundo: mesmo ruim, está em vários sucessos). Não tinha como dar errado.
Sempre digo que é muito especial quando um filme consegue captar e transmitir conceitos profundos sem se tornar intragável. Matrix faz isso com muita competência. Claro que as sequências se tornaram pretensiosas e ininteligíveis (o que é o discurso do Arquiteto no filme 2?), estragando a mitologia, mas para mim esse filme individualmente (e talvez com o apoio dos curtas de animação Animatrix, que explicam um pouco mais sobre o universo e suas características) é, sim, revolucionário. Não à toa, é um dos meus filmes favoritos, e, claro, sempre me faz pensar (um pouquinho que seja) se não é verdade mesmo. Coisa de nerd...
Nota: 9,1 (13o. lugar na minha lista de filmes favoritos)
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