terça-feira, 24 de abril de 2012

Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003)

A diretora desse filme, Sofia Coppola, provavelmente já foi uma das pessoas mais odiadas do cinema mundial. Sua atuação (se é que dá para chamar assim) em O Poderoso Chefão 3, dirigido por seu pai Francis Ford Coppola, é considerada uma das piores do cinema mundial, e acusada de "estragar" o filme. Não sei se é para isso tudo (o filme é bom, mas obviamente não comparável aos dois primeiros), embora de fato ela seja péssima atriz. No entanto, o mesmo não pode se dizer de seus dotes como diretora. Esse é seu segundo longa (ela também escreveu o roteiro), e o resultado é um filme sensível, profundo sem ser chato, e com grandes mensagens em cenas simples. Primoroso. E olha que nem estou considerando (ainda) a Scarlett Johansson nessa análise...

O filme se passa em Tóquio, e basicamente conta a história de 2 personagens: um ator veterano, já decadente, que aproveita uma proposta milionária para fazer algumas propagandas no Japão, e a jovem mulher de um fotógrafo que o acompanha a trabalho mas acaba ficando quase o tempo todo sozinha. E os dois acabam criando uma cumplicidade, derivada de serem dois seres solitários em um mundo estranho.

O contraste entre o mundo à volta deles, que muitas vezes eles não compreendem, e a cumplicidade que se forma é tocante. Sem ir pelo caminho fácil do romance, e sim da amizade (com alguma tensão) que se forma entre esses dois (a princípio) estranhos, o filme se desenvolve quase como uma terapia dos dois, mostrando cada vez mais seus fantasmas e o que eles tentam fazer para contorná-los.

Para contar essa história, roteiro, fotografia, e principalmente as atuações fazem um trabalho fenomenal. Bill Murray deve ser um dos atores mais subestimados do cinema. Faz até hoje muito bem não apenas as comédias que o tornaram famoso (Os Caça-Fantasmas, Feitiço do Tempo, minha comédia favorita, por sinal), mas também em filmes "sérios" como esse. Aqui, cada cena e cada fala mostra a aflição do personagem e sua "prisão" em uma vida pela qual já perdeu o interesse, e a descoberta disso justamente no local onde menos esperava.

Já Scarlett Johansson, aos 19 anos, mostra uma maturidade surpreendente nesse que é o filme que a revelou. No papel da garota que viaja com o marido, mas acaba ficando sozinha, ela não só está linda mas também se mostra muito talentosa.

Mais uma sugestão de filme ótimo, caso não tenham visto. Dois atores em papéis fantásticos, com uma história tocante e muito bem contada, mostrando que podemos nos descobrir nos locais e companhias mais improváveis. Fica a sugestão.

Nota: 8,0 (94o. na minha lista de filmes favoritos)

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