O post de hoje é mais uma homenagem que uma crítica. Li na internet que hoje faz "apenas" 110 anos que esse filme foi lançado. É considerada a primeira ficção científica da história do cinema, criada pelo escritor visionário francês Georges Meliès.
É impressionante que um filme desse tenha sido criado apenas 7 anos depois da data considerada como a invenção do cinema. Em 1895, aconteceu o que foi considerada a primeira sessão de cinema do mundo, com a apresentação do filme Chegada do Trem à Estação no "cinematógrafo" dos irmãos Lumière. Até então, as únicas tentativas bem-sucedidas de apresentação de imagens em movimento eram praticamente individuais, e apenas com o cinematógrafo foi possível mostrar um filme a uma audiência maior (cerca de 30 pessoas na primeira sessão).
Os primeiros filmes eram essencialmente "documentários", ou seja, filmagens de cenas cotidianas. Meliès foi um dos primeiros a de fato criar roteiros, utilizando recursos como trucagem, sobreposição de imagens e efeitos visuais. Viagem à Lua é um de seus primeiros filmes. Com apenas 15 minutos (o conceito de "longa-metragem" ainda não era o mesmo de hoje - inclusive, por se tratar de um filme mudo, a duração pode variar de acordo com a velocidade de projeção), o filme mostra um grupo de "cientistas" (que parecem mais bruxos) viajando para a Lua em um foguete disparado por um canhão. Chegando lá (na cena mais conhecida do filme, onde o foguete aterrissa no "olho" da Lua), os cientistas encontram uma civilização que lá vive (os selenitas), são aprisionados, fogem e voltam à Terra, onde são recebidos com festa.
A mistura de ficção e fantasia é fascinante. Ainda "descobrindo" a nova arte, Meliès se livra das amarras da realidade, mostrando os corpos celestes humanizados, habitantes da Lua, além das cenas do lançamento serem muito inventivas. É curioso imaginar como os pioneiros do cinema imaginavam e criavam, sem os "padrões" estarem estabelecidos. Muitos anos antes do cinema colorido ter sido inventado, esse filme foi mostrado colorido, sendo que cada um dos mais de 13 mil fotogramas foi pintado à mão (por sinal, essa versão colorida foi dada como perdida até 1993, quando uma cópia em estado quase de decomposição foi achada na Espanha. Foi restaurada e mostrada no Festival de Cannes de 2011).
O filme completo pode ser visto abaixo. É um documento de uma época, do nascimento de uma arte, e merece muito ser visto:
Como eu disse, essa não é uma crítica e sim uma homenagem. Portanto, não faz sentido falar em minha nota para esse filme, já que ele nem pode ser comparado aos filmes que normalmente avalio aqui. O que vale mesmo é esse registro, e acho muito notável o quão rápida é a evolução do cinema, que pode nos dar uma jóia dessas em apenas 7 anos, e ter chegado onde chegou em apenas 110. E esse blog (especialmente esse post) é um reconhecimento a essa grandeza.
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