segunda-feira, 11 de junho de 2012

Oldboy (2003)

Na década de 2000, ganhou bastante destaque um "novo" modelo de cinema oriental, menos contemplativo e filosófico, como os filmes mais clássicos, e principalmente voltados para o suspense e terror. Filmes como O Chamado de certa maneira revolucionaram esse gênero de filmes, com uma abordagem diferente do suspense, muito menos reveladora, e portanto mais assustadora. Os filmes desse sub-gênero oriental geralmente lidam com medos mais primordiais, psicológicos, em que o terror normalmente não têm uma razão ou uma explicação específica.

Oldboy não chega a ser um filme de terror, muito pelo contrário. Está mais para um thriller psicológico muito bem construído, com aquele estilo de não explicar muita coisa e deixar você entender aos poucos: um homem é aprisionado em um quarto por 15 anos, sem razão aparente, e deixado sem contato com o mundo externo, exceto por uma televisão, através da qual descobre que sua mulher foi assassinada e sua filha, dada para adoção. Um certo dia, é libertado sem explicações, e recebe dinheiro, celular, e uma mensagem de que deve descobrir porque foi preso em 5 dias. Muito perturbado (compreensivelmente), ao mesmo tempo que tenta se readaptar à sociedade, faz todos os esforços para descobrir quem são seus captores e qual a razão de sua prisão.

Até aí, nada de extraordinário. Uma boa história, mas não chega a ser revolucionária. Aí entra a diferença de estilos de cinema (e o meu medo quando li que está em pré-produção um remake americano): o filme deixa muito mais para o espectador concluir, especular, e, embora o final seja bem definido, não é explicadinho e detalhado "for dummies" como a gente vê tanto. Além disso, é muito mais duro e cruel do que se fosse produzido em Hollywood (duvido que mantenham o final, por exemplo). A fotografia do filme também é toda diferente, aí sim mais contemplativa, mas também mais "crua", direta, incluindo um take fantástico que imita um videogame "side scrolling", onde o personagem principal vai percorrendo um corredor e brigando contra seus inimigos.


Aliás, o próprio personagem principal se parece muito pouco com um "herói" do filme: violento, perturbado e com uma aparência quase assustadora. Esse lado psicológico de mostrar o que se passa em sua mente é uma das principais virtudes do filme. Em vários momentos (e especialmente no fim, muito tenso e interessante), é como se você estivesse dentro de sua cabeça, e de maneira muito sutil, sem soluções fáceis como flashbacks ou narrações em off.

Sugiro muito assistir. É parte de uma "trilogia", mais temática do que de história, junto com "Mr. Vingança" e "Lady Vingança", os quais não vi ainda, mas esse, que acabou fazendo mais sucesso por aqui, é obrigatório. Só não entregue o final para quem não viu ainda... isso é maldade, tanto no cinema americano, coreano, ou de qualquer parte do mundo.

Nota: 8,9 (20o. colocado na minha lista de filmes favoritos)

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