segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men, 1957)



12 jurados. Uma sala do júri. Um acusado de assassinato. E um dos grandes clássicos do cinema.

Já estava na hora de falar de um clássico, mas não queria que o primeiro fosse algum daqueles pedantes, incompreensíveis, e nem queria "gastar o cartucho" com os meus favoritos disparados. E acabei me decidindo por falar desse ótimo filme. Não é um épico, não tem romance, ou ação, se passa 99% dentro de uma sala fechada com os mesmos 12 personagens (não sabemos nem seus nomes), e ainda assim a história prende a atenção do início ao fim, com um dos roteiros mais brilhantes (e simples) que já vi.



A história: os 12 jurados se reúnem para decidir sobre a condenação ou não de um acusado de assassinato, e a decisão deve ser unânime. A condenação parece uma questão de tempo, já que o caso a princípio não deixa muitas dúvidas. No entanto, um dos jurados (Henry Fonda) discorda dos demais (sob muitos protestos), e explica que não acha justo condenar uma pessoa à morte sem que se pare para examinar mais profundamente o caso e as provas. E aí começa o filme propriamente dito, uma aula de argumentação e resolução de conflitos que vale por qualquer pós-graduação no assunto.

Em uma época de opiniões rápidas, radicais e pouco fundamentadas, esse filme deveria ser matéria obrigatória até nas escolas. A internet abriu o diálogo, e agora todos são livres para divulgar suas opiniões para o mundo (como eu estou fazendo aqui, aliás). O problema e que, de repente, é obrigatório tomar partido sobre tudo, seja um cachorro atropelado, Big Brother, ou se o Messi é melhor que o Pelé. E tomar partido é muito diferente de ter opinião, que é muito mais fundamentada e muito menos radical. O que importa não são as opiniões, e sim "ganhar do outro".

Essa é a beleza do filme. Aos poucos, o jurado em dúvida vai vencendo a resistência inicial dos demais, vão se mostrando as verdadeiras razões da posição de cada um (desde querer ir embora mais cedo por ter ingressos para um jogo, até uma briga com um filho), e de maneira sublime, o filme se desenrola. Com argumentos sólidos, bem colocados e pertinentes, aos poucos cada um vai formando sua opinião real, obrigados pelas circunstâncias a parar para pensar em suas decisões.

O trabalho técnico também é fantástico: a sensação de claustrofobia na sala é de fato angustiante, e você pode sentir o "peso" de estar ali aumentando. Em resumo, um filme excelente, que não só deve ser visto mas visto muitas vezes. Existe uma refilmagem de 1997 com Jack Lemmon no papel original de Henry Fonda. Muito boa também, mas prefiro a de 1957, até por ter sido a primeira que vi.

Nota: 8,5 (31o. na minha lista de filmes preferidos)

Um comentário:

  1. Irado! Concordo muito com o que vc falou. O que nao falta é gente para dar palpite. O tempo todo percebo opiniões vazias e sempre que tento entrar mais a fundo em alguma discussão saio frustrada - a resposta cai no "porque sim" - quando tem resposta.
    Com todo mundo podendo falar o que quer sem necessariamente ter que ouvir o que o outro fala como resposta, ta dificil encontrar alguem que se preocupa com argumentação e fundamentação.
    Que seu blog bombe e que todo mundo veja esse filme :)
    Carol

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